Chegou o dia do nosso primeiro casamento. Estávamos ansiosos. No Canadá desde o início que sabíamos que seria difícil conseguir um porque com a carrinha e os seus problemas tínhamos receio de nos atrasarmos.
A Lipaz e o Reem vivem em Tel-Aviv, e iam casar a Nova Iorque, os dois sozinhos. Andavam à procura de fotógrafo e chegamos até eles. Além de sermos os fotógrafos íamos também ser as testemunhas. Combinamos tudo para o grande dia, tiramos umas fotos antes do casamento e fomos conhecendo este casal maravilhoso.
A Lipaz e o Reem já vivem juntos há mais de 4 anos, tem dois cães e muito amor. Conheceram-se em trabalho. Na altura Lipaz trabalhava para um banco que apoia start-ups e foi conhecer uma das start-ups onde o Reem estava. Agora é diretora de marketing num centro artístico e ele continua ligado às novas tecnologias, além de ter um podcast sobre futebol em Israel. Já estão a ver não faltou assunto de conversa.
Caminhamos para o Central Park, é enorme, perdemo-nos num dia em que faziam 27 graus com 100%de humidade.
Perguntamos como eram os casamentos em Israel. Para um casamento ser dado como válido em Israel tem que ser religioso, e a religião e as tradições que ela implica não promovem a igualdade entre géneros. Um pequeno exemplo sem importância é a tradição de partir um copo no final da cerimónia religiosa: só o homem parte o copo, mas hoje em dia, contou-nos o Reem há casamentos onde a mulher também o faz. Mas isso não é nada bem visto.
Um casamento pequeno tem perto de 250 pessoas. E há casamentos com 1500 pessoas. A Lipaz e o Reem queriam algo deles, não queriam que o casamento estivesse ligado à religião e então pensaram em casar fora do país.
Os dois lugares em vista eram Nova Iorque: porque o Reem nunca tinha lá estado e a Lipaz adorava e, imaginem só: Portugal. Todos os amigos que já visitaram Portugal falavam maravilhas e foi um destino que pensaram. Ganhou Nova Iorque.
A Lipaz encomendou o vestido pela internet para ser entregue no hotel, compraram o fato do Reem no dia anterior já em Nova Iorque. Maquilhou-se a ela própria e optou apenas por ir ao cabeleireiro. O processo burocrático para casar em Nova Iorque é bastante simples. É necessário ir ao city hall pedir as licenças e no dia seguinte aparecer lá, as pessoas são atendidas por ordem de chegada.
Chegamos por volta das 13h00, éramos o número 44. Estavam lá vários noivos. Uns como a Lipaz e o Reem: sozinhos com os fotógrafos e outros com família e amigos. Ao nosso lado outro casal de Israel com a família. O processo foi bastante simples. Preenchem-se uns papéis e depois vão chamando pelos números os casais para uma sala, cada um na sua vez e com toda a privacidade, criando momentos especiais. Ainda sentados à espera uma noiva, com uns jeans pretos e uma t-shirt branca veio ter com a Lipaz e ofereceu-lhe o seu ramo de flores, já não precisava mais dele.
Chamaram o número 44. Quando trocavam as alianças, os sorrisos apareceram nas caras, sinceros e emocionados. Ficamos muito orgulhosos de testemunhar este amor, que não precisa de tradições, religiões, nem de mais ninguém para ser válido, verdadeiro e único.
Ainda fazia falta preencher alguns papéis por causa da licença internacional. Então fomos almoçar a Chinatown, comer dumplings. E como em todos os casamentos houve imensa comida!
O amor está em todo o mundo, e basta duas pessoas para o provarem, de forma simples, despretensiosa e com um sorriso no rosto.
Todas as fotos com Fujifilm Xt2