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Antigua, encantada

Antigua, encantada
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Tínhamos o privilégio de ter um casamento em Antigua. Corremos de Tikal para lá para garantir que chegávamos na sexta-feira. Queríamos estar com os amigos que nos conseguiram este casamento.

Consoante entrávamos com o mamute por esta Antigua colonial, a não mais de 10km/h graças à bela da calçada, só se ouvia dentro do mamute “ah, que bonito”. Rodeada de vulcões, a cidade conseguiu manter os seus traços. E apesar de turística com as cadeias de fast food americanas a marcar presença, nada disso se vê já que todos estão camuflados nas suas casas coloridas com letreiros de madeira.

Podemos caminhar por toda a cidade, sempre com os lindos sapatos da Namorarte. Não  faltam sítios para parar e apreciar a vida. O que mais nos fascinou foi o mercado. Enorme, podemos perder-nos lá dentro. Com as senhoras vestidas com mil cores a vender os seus legumes e frutas. Estreito, apertamo-nos com a Duna pelos passeios. Há de tudo, da zona da comida passamos pela roupa, gadgets,… compramos fruta e legumes para cozinhar mais tarde. Ah, as líchias, que delicia. Nunca tinhamos comido sem ser em lata.

Um conhecido no México, filho de mãe guatemalteca, disse que tínhamos que provar o frango campera. Adoramos essas missões de comida! Procuramos o restaurante. O “pollo campero” é uma cadeia da Guatemala de fast-food, parecida com o KFC. Entramos, sentamos e são os empregados que nos servem. À nossa volta poucos turistas e mesas com famílias inteiras: filhos, pais e avós. Elas com as suas roupas bordadas. 100% aprovado, comemos o frango a acompanhar com sumo de uva.

Partimos para continuar com o nosso passeio. Os turistas invadem a cidade, sentindo-se, como nós, afortunados. Aqui não há a caça ao turista como no México, as pessoas admiram e tem curiosidade. Pensamos em como gostávamos de encontrar alguns portugueses, temos saudades de partilhar umas gargalhadas na nossa língua.

Queremos subir ao vulcão mas terá que ficar para outro dia. Temos que nos preparar para o casamento: carregar câmaras, esvaziar cartões de memória, lavar roupa. Ficamos a dormir no mamute mas a usufruir das instalações do Hostal Antigueño. Pensamos que vamos ficar só duas noites, mas que ingénuos. Antigua agarrou-se a nós e ficamos uma semana. É ótimo estar aqui.proveitamos para depois do casamento descansar.  Tinhamo-nos perguntado como seria a política aqui, as escolas, o que oferecem ao povo. Os preços são muito parecidos aos praticados em Portugal para as coisas do dia-a-dia. Mas as pessoas vivem, na sua maioria, na pobreza. O noivo conta-nos que os polícias são corruptos aqui também, como no México. Mas ao contrário do México onde os polícias até com os turistas são corruptos aqui existe uma certa admiração pelos estrangeiros. Nunca nos sentimos ameaçados e  explicam-nos que o problema de violência na Guatemala são os vizinhos. Ou seja, se uma pessoa tiver algum dinheiro os vizinhos sabem e vão assalta-lo. É comum, por isso quem tem mais posses econômicas andar armado para se defender. No casamento a que fomos vemos pelo menos 10 homens que carregam a sua arma no cinto, com muita naturalidade. Antigua escapa a esse estereótipo de violência. É preciso ter cuidado mas nada comparado com o que se passa na capital do país. Onde as pessoas se habituaram a andar com um telemóvel para o ladrão e um verdadeiro, explica Kimberly que já foi assaltada na cidade. A escolaridade não é obrigatória, se os pais não tiverem hipótese de levar os filhos à escola não levam.

Deixamos para descobrir o resto da cidade na segunda-feira. Subimos ao “cerro da cruz” e vemos o vulcão de água à nossa frente e a cidade aos nossos pés.

Aqui não faltam hotéis de charme, mas ao mesmo tempo, restaurantes com ótimos preços. As lojas de artesanato são de perder a cabeça e a vida na praça prolongam-se.
Vamos comer um gelado e uma menina vem ter com a Duna. Faz-nos rir com os seus olhos de criança, tão puros enquanto vai respondendo às nossas perguntas: que idade tens? também tens cães? Senta-se connosco sem pedir nada, vai dando migalhas à Duna e quando terminamos quer limpar a nossa mesa e levar as coisas ao lixo. Saímos e procuramos a sua mãe para perguntar se lhe podemos dar um gelado. Ela está com gripe por isso é melhor não. Ficamos com uma cara tão triste que a mãe sugeriu que lhe déssemos o equivalente a 20centimos para comprar uma guloseima que ela gosta.


Ficamos mais uns dias pelo hostal para colocar o blog em dia é tratar algumas fotos. Informamo-nos sobre o desafio de subir a um dos vulcões. Pela sua magia o de Acatenango é o que mais nos chama a atenção. Vou ver a altitude e é só um bocadinho mais alto que o Cebreiro. Do qual faz parte o caminho de Santiago espanhol e que eu já subi. Sei bem o horrível que foi, mas o pior foi descer. Mentalizamo-nos para ir.

Enquanto não o fazemos, vamos conhecendo esta cidade charmosa. Aproveitamos para uma visita ao mecânico e para um check-up. O frio que se sente à noite é ótimo para dormir e isso contribui para que não queiramos ir embora. Passeamos pelas ruínas, vemos as casas. Entramos nos cafés que se prolongam para pátios interiores com jardins e fontes. Não há nada para não gostar aqui. A Duna é bem-vinda na maior parte dos sítios. Podemos caminhar pra todos os lugares. O acesso aos legumes frescos permite-nos cozinhar como em casa.


Quem me dera que pudessem todos vir a Antigua. Se vierem não deixem de:

1 - visitar as ruínas;
2 - perderem-se pelo mercado;
3 - comer um gelado na praça central e subir à varanda da câmara municipal para umas boas fotos;
4 - admirar os vulcões e para os corajosos subir a um. Para subir ao Acatenango aconselham as pessoas a dormir já quase no cume e estar lá pra o nascer do sol. Se o que procuram for um plano de família então subam ao Pacaya. É uma caminhada mais curta e pode ser feita no mesmo dia;
5 - subir ao cerro da cruz, tem escadas e em menos de 30 minutos pode ver a cidade toda;
6 - experimentar a comida Guatemalteca e principalmente o café.

Olá, obrigado por mudar o mundo uma compra de cada vez

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