Aviso: este post é sobre mim e sobre a minha relação com a cidade, não pretende ser um post turístico, e o olhar do Ivo pela cidade está nas fotografias maravilhosas tiradas por ele.
I’am an Englishman in New York, ou para mim i’m a vianense in New York, I'am an alien. Nova Iorque, caramba, faz parte do imaginário de quase todos nós. Quantos filmes, quantas séries vimos filmadas aqui? Quantas músicas sobre a cidade que nunca dorme? Para muitos uma cidade de clichês. Mas eu não ia na expectativa de ver nada, não tinha nenhuma obrigação no meu roteiro.
Voltemos ao tema da Vianense, sou de Viana do Castelo. Quem é de lá sabe bem o que isso significa, uma chieira enorme. É uma cidade pequena então quando conhecemos alguém que conhece alguém que é de Viana perguntamos logo: “quem?”, como se nos conhecêssemos todos. Pensamos um bocado e depois perguntamos: sabes se andou no Liceu ou em Monserrate? Isso define logo muita coisa.
Ao chegar a Nova Iorque senti um individualismo enorme, as pessoas estão preocupadas com as suas vidas e os seus ritmos. Ninguém sabe quem nós somos, se estamos em passeio, a viver aqui, quanto mais tentar descobrir alguém que mora nesta cidade pela escola onde andou. Senti-me pequenina, senti que a minha importância neste mundo e no universo é mesmo do tamanho de uma partícula. Os nova iorquinos estão no seu mundo, mas, por outro lado, assim que os interpelamos eles vão parar, ouvir e ajudar, aí podiam ser de Viana. Nós paramos um fotógrafo do Daily News que seguia a um ritmo muito apressado e apesar de sentirmos a pressa na voz, não só respondeu à nossa pergunta como ainda nos deu conselhos.
Chegamos no dia em que acabavam as festas da Agonia, e as minhas redes sociais já se tinham enchido de manifestações de orgulho #somostodromaria #vianaéamor #quemgostavemquemamafica #seriaumaagonianãoiraaromaria, senti-me longe de casa. Então entrei em Nova Iorque a reclamar, não gosto de cidades grandes. A humidade e o calor que se faziam sentir só ajudaram a intensificar este mau humor.
Tentamos estacionar em New Jersey, difícil, perdemo-nos, mas lá conseguimos. Fomos à cidade e caminhamos: 9a avenida, Times Square, Broadway, Rockefeller center, Empire State lá ao longe.
No dia seguinte, voltamos e caminhamos: Chelsea. Brooklyn bridge, Brooklyn park, ferry boat perto da estátua da liberdade. E os nova iorquinos com os olhos postos no céu. Foi o eclipse do sol.
E ao quarto dia voltamos a caminhar, acompanhados dos noivos do nosso primeiro casamento: Central Park, city hall, museu de história natural .... Terminamos o casamento exaustos mas felizes e as saudades de Viana perderam-se na azáfama.Ainda nos faltava visitar o 9/11 memorial. Como referi não pretendo escrever um roteiro sobre Nova Iorque. Mas do memórial tenho que vos falar. Michael Harad, arquitecto Israeli-estado-unidense foi o responsável pelo projeto. E é um sítio diferente, emblemático e que alcança um significado tão próprio para cada um. A arte inspira. É um cubo praticamente ao nível do solo, por isso vemos para dentro. A água cai para outro cubo mais pequeno onde não vemos o fundo e nos deixa a pensar no significado de tudo isto e de como o dia 11 de Setembro de 2001 mudou para sempre os que o viveram. Visitem, são na realidade 2 grandes cubos, um no lugar de cada torre.
Voltamos ao nosso mamute, fomos ter com a Duna que acabou por não visitar Nova Iorque e ficou em New Jersey com a melhor pet sitter de sempre.
Em New Jersey acabamos a nossa visita a jantar com vista sobre Nova Iorque. A relação entre Nova Jersey e Nova Iorque é um bocado como a de Gaia e o Porto. A realidade é que Gaia tem o melhor do Porto: a vista. Fomos ao Del Fresco’s Grill em Hoboken. New Jersey está diferente do que vimos em tempos nos filmes. Está cool, moderna,tranquila,... o Del Fresco’s tem um menu americano que nós adoramos, com vários tipos de bifes e acompanhamentos deliciosos. E para terminar um expresso e um bolo de limão de 6 camadas, exacto, impróprio para diabéticos.
E se a reliadade é que entrei em Nova Iorque a reclamar, no final estava disposta ao desafio de viver por aqui durante um ano, já que dizem “if you can make it here, you can make it anywhere”. Talvez fosse morar para New Jersey.
Todas as fotos com Fujifilm xt2