Foram tantos os avisos sobre o México que decidimos passar a “voar” pelo Norte. Estudamos as estradas, os pontos onde podíamos parar e quanto suportaríamos conduzir.
No primeiro dia ficamos em Saltillo, a 3 horas e 30 da fronteira. Passamos ao lado de Monterey e seguimos para Saltillo. Pernoitamos na casa da Cinthia. Uma rapariga que conhecemos pelo Couchsurfing. A Cinthia estuda medicina, mora com os pais, e um tio. O seu tio, muito viajado, esteve em Lisboa e no Porto em 1992, adoramos conversar com ele. A mãe da Cinthia tem um negócio de organizar casamentos em Saltillo. Garanto que só soubemos disto quando chegamos. Fomos jantar com a Cinthia e passeamos pela cidade, não vimos mais nenhum viajante perdido como nós no meio das montanhas. Sentimo-nos seguros. Regressamos a casa e os tios e pais de Cinthia bebiam tequila e jogavam às cartas. Quiseram saber quais os nossos planos para o dia seguinte e recomendaram-nos o melhor percurso. Dormimos e fomos acordados na manhã seguinte pelo sobrinho da Cinthia a pedir para descermos para o pequeno-almoço. Que generosidade. Ovos com batatas, feijão e tortilhas a acompanhar com café acabado de fazer
Prolongamo-nos na conversa. Como são os casamentos em Saltillo, como é organizar casamentos aí, o que se come,... fomos conhecer o espaço. Um grande salão onde cabem 300 pessoas, uma cozinha pequena e uma sala de entretenimento para os pequenos. Confessa-nos que o pior de tudo é conseguir pessoas para trabalhar. Rimo-nos, há coisas que são iguais em todo o mundo.
Saímos já mais tarde do que queriamos a caminho de Ciudad del Valles, en San Luis Potosí. Vamos ficar aí duas noites e aproveitaremos para conhecer a região a que chamam de Huasteca. Não queremos chegar de noite, são 6 horas a conduzir. Empurramo-nos nas montanhas, deliciamo-nos com os animais a pastar na berma das estradas, vemos kms e kms sem ninguém, passamos por mais de 100 restaurantes de estrada a vender Carne Assada, algumas zonas com 5 seguidos.
Paramos para gasóleo, não aceitam cartão, só temos 30 dólares, entre os quais os 20 falsos que nos passaram nos Estados Unidos. Passam. Mais à frente conseguimos levantar e seguimos viagem, por estradas nacionais. Com os limites de velocidade sempre a variar: 100, 80, 60, 110. Temos que ir bem atentos. Seguimos para Sul, o furacão Katia chegava hoje ao país, com chuvas intensas, o céu vai ficando cada vez mais nublado. Paramos noutra bomba e aproximam-se para nos pedir dinheiro, dizemos que não temos. Se fossemos a dar a todos, tínhamos que acabar aqui a viagem. Pedem-nos algo para comer. Damos água.
Continuamos para a Huasteca Potosina, tínhamos vários destinos. O mamute continuava bem, mas subimos uma montanha a caminho do ”Sótão das Andorinhas” e pronto, começou a aquecer e aquecer. Paramos, saio e estava a deitar vapor... esperamos e vimos que pouco a pouco começava a baixar. Chegamos finalmente ao sótão e o guia diz-nos que é normal e que passa a toda a gente que sobe esta montanha. Que inclusive um casal, continuou e a van deles acabou por pegar fogo. Depois foi sempre a descer e o carro reagiu bem.
Levamos ao mecânico, já sabem que adoramos estar no mecânico. Ele verificou que estava tudo bem, viu o líquido de arrefecimento do radiador e seguimos viagem.